Todos
nós, seres humanos, somos movidos por nossas emoções. Alegria, medo, tristeza,
angústia, apreensão são forças que se escondem por trás de nossas ações mais
sinceras ou menos compreensíveis. Desde a antiguidade, o gênero dramático
privilegia o estudo das emoções humanas.
O
teatro apresenta uma linguagem própria: iluminação, música, figurinos, cenários
são elementos da linguagem cênica
que contribuem, junto com o texto e a interpretação dos atores, para criar a
ilusão de lugares, tempos e personagens nos espectadores. No momento de criar o
texto teatral e combinar esses recursos, o autor pensa na platéia e no tipo de
reação que deseja provocar. Percebe-se assim, nesse gênero literário, a
participação mais direta do público com um dos agentes do discurso.
Teatro Oficina Uzyna Uzona
Peça "Luis Antonio Gabriela" Cia Mungunzá
O gênero dramático
Aristóteles
observa, na Poética, que o termo drama
(do grego drân: agir) faz referência ao fato de, nesses textos, as pessoas
serem representadas “em ação”. Ao identificar o drama como um dos gêneros literários, Aristóteles considerou
importante desses textos: eram feitos
para ser representados, dramatizados. Em resumo, textos dramáticos são
aqueles em que a “voz narrativa” está entregue ás personagens, que contam a
história por meio de diálogos e monólogos.
Acredita-se
que esse gênero tenha nascido da dança, que era tida como uma espécie de ritual
com capacidade de alterar algumas condições necessárias à sobrevivência e ao
bem-estar das pessoas. Portanto, a dança teria despertado no homem a necessidade
de representar.
É
necessário destacar dois elementos essências que são e sempre foram
essenciais para esse tipo de texto:
·
A importância do público
·
A possibilidade de desencadear emoções
por meio da representação.
O
gênero dramático desenvolveu-se por meio de duas modalidades: a tragédia e a comédia.
A tragédia
Originou-se
dos festivais realizados em honra a Dionísio. Pode ser definida como uma peça
teatral na qual figuram personagens nobres e que procura, por meio da ação
dramática, levar a platéia a um estado de grande tensão emocional. Geralmente,
as peças trágicas terminam com um acontecimento funesto.
A comédia
A
origem da comédia é a mesma da tragédia: os festivais realizados em honra a
Dionísio. Alguns dos festejos ocorriam durante a primavera e costumavam
apresentar um cortejo de mascarados. Esses cortejos recebiam o nome de komos,
daí o nome comédia (komoidía: komos, a “procissão jocosa” + oidé, “canto”. A pé
ou em carros, eles percorriam os campos dançando, cantando e recitando poemas
jocosos em que satirizavam personalidades e acontecimentos da vida pública e,
mais tarde, depois que a democracia caiu, a liberdade foi prejudicada e as
críticas políticas deram lugar as sátiras comportamentais e de costumes das
pessoas comuns.
Assim, enquanto a tragédia
desenvolve temas sérios, apoiados na ação mitológica e as personagens são
deuses e semideuses, a comédia se caracteriza por sua leveza e alegria, aborda
episódios cotidianos e as personagens são seres humanos e reais.
O gênero dramático na Idade Média:
Devido
à forte influência da religião católica, as peças de teatro medieval passaram a
enfocar cenas bíblicas e episódios da vida de santos. Duas modalidades
dramáticas tornaram-se bastante populares nesse período: o auto e a farsa.
O
auto é uma peça curta, em geral de
cunho religioso. As personagens representavam conceitos abstratos, como a
bondade, a virtude, a hipocrisia, o pecado, a gula, a luxúria. Isso fazia com
que os autos tivessem um conteúdo fortemente simbólico e, muitas vezes, moralizante.
A
farsa era também uma pequena peça,
só que seu conteúdo envolvia situações ridículas ou grotescas. Tinha como
objetivo a crítica aos costumes.